Bem-Vindo

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Conto de Fadas


Pequeno botão
Era uma vez um pequeno botão de gardênia, que vivia embaixo de uma grande árvore. Lânguida, lutava para receber algumas poucas gotas de Sol. Em uma tarde ensolarada para o mundo e sombreada para ela, veio seu príncipe. Não era nobre, andava com vestes rotas e sujas, com uma sandália de couro. Andava, porém, olhando para o céu, para o infinito azul, onde nuvens de todas as formas e tamanhos andavam juntas, em perfeita harmonia. Ah! como gostaria que assim fosse a Terra! Assoviava uma música qualquer de bailes. Quando passou ao lado da grande árvore onde padecia o pequeno botão, ouviu um murmúrio, uma flébil dolência. Deteu-se e olhou para baixo. Viu o pequeno botão, de cor doente, folhas tombadas.
Foi quando ouviu uma surdina:

"Nasci aqui da Flor mais alva, branca como as asas de um anjo,
nasci aqui e com pequenas joaninhas brinquei
nasci aqui e nas gélidas noites, nas gramíneas me embalei
nasci aqui e quando o Sol, vier, enfim, 
me beijar as faces, um último suspiro darei
nasci aqui e aqui hei de morrer..."
Consternado com a dor da pequena flor, o príncipe camponês subiu na grande árvore, e moveu uns ramos de lugar. Ondas de Sol agora pulsavam na direção do botão, que já sentia suas forças se renovando. Quando seu príncipe desceu dos ramos, o botão pôde, enfim, agradecer ao seu salvador. Meio sem jeito, começaram uma conversa. Esta durou a terde toda, o príncipe lhe falava dos imponentes castelos, dos enormes jardins que havia em seu reino, e o botão lhe falava do seu minúsculo mundo, da conversa das formigas, das serenatas das cigarras, das danças da grama. O príncipe ouviu maravilhado, percebendo a magnificência de um mundo antes ignorado. O botão ouviu encantado, com o desejo de poder andar, de poder conhecer além de seu pequeno horizonte formado por duas pedras lascadas.
O camponês e o botão se tornaram grandes amigos, e toda tarde discutiam sobre a vida, o céu, seus mundos ao mesmo tempo tão distantes e tão integrados. O pequeno botão sentia que sua força agora não vinha do Sol, mas de seu príncipe. Suas folhas estremeciam sempre que ele se aproximava, e, quando ele deitava ao seu lado, com seus lábios virados para suas delicadas pétalas, sentia o vento parar, e uma onda de emoção edênica se apoderava de seu frágil corpinho. Como poderia, porém, seu príncipe sentir o mesmo? Não sentia nem seu perfume, pois este ainda não brotara. O que era um miúdo botão de flor para ele? Algo tão insignificante, que nem valia a pena colher.
No dia seguinte, o pequeno botão estava triste, murcho; o camponês se aproximou, perguntando o que havia acontecido. "Todo dia vejo moças de vestidos longos correndo pelo Sol... Ah! como as invejo! Gostaria de ser bonita como elas, de poder correr como o vento, de me enfeitar com laços e rir alto..." seu príncipe parou um minuto para pensar. "Como você está enganada! Acha que elas são belas, mas não vê que se inspiram nas flores... vestidos longos como pétalas, perfumes de lírios, cabelos esvoaçantes... você não precisa de nada disso, sua beleza é natural e ainda está por desabrochar... mas, se deseja tanto ser como as humanas, acho que tem algo que eu posso fazer" ao dizer isso, seu príncipe puxou um fio de seu casaco azul -o melhor que tinha- e o amarrou cuidadosamente em volta do talo da pequenha gardênia, formando um laço. "Pronto! Aí está seu laço! Está muito mais bonita que qualquer garota agora." O pequeno botão não consegue se conter e desaba a chorar; suas lágrimas logo param, ouvindo seu príncipe que agora estava tocando flauta. Deixa-se levar, sente o vento em suas pequenas folhinhas, sente a música ressoando em todo seu ser, ah... volúpico veneno! Êxtase.
Já faz duas semanas que seu príncipe não aparece... ah que saudade de sua música, do calor de sua fala! Não adiantava sonhar com o céu, quando sua maldita sina a aprisionava ao chão. Resolveu ficar forte, crescer e se tornar tão bela e alva quanto as nuvens, iria impressionar seu príncipe quando ele voltasse...
Em uma tarde, cortaram a árvore que lhe sombreava, e o botão se via agora em um enorme campo, com bastante vento e luz para crescer; não demorou muito para que suas pétalas antes rotas, abrissem-se em forma de asas marfíneas, dando delicadas voltas no ar. O laço azul continuava amarrado em seu talo, logo abaixo de suas mádidas pétalas. Dançava, orgulhosa, com os vívidos tons de verde da grama, e não viu a moça de vestido esvoaçante ou seu companheiro de casaco azul que se aproximavam lentamente.
"Como és linda! Tens a cor da Lua e o perfume das flores!" "Prove que me ama, traga-me a coisa mais bela que achar, quero-a para mim!". Como é tolo homem apaixonado... move céu e terra pelo seu amor, sem saber que tudo o que precisa mover é um coração, somente. Quando o camponês viu aquela vaporosa forma branca dançando ao vento, sabia que não acharia nada mais lindo; "Levarei essa flor de Gardênia para minha princesa". Viu seu príncipe se aproximando, quase não se continha de alegria, e foi quando sentiu um puxão, e aos poucos sua vida se esvaindo...
O camponês ofereceu a flor desfalecida a sua amada, que a pegou e cheirou. Não podia parar de sorrir, tão bela! Foi quando seus longos dedos encontraram algo que não deveria estar ali... "Isso é um laço...?" já havia começado a puxar o fio azul quando seu enamorado deu um grito de horror. Arrancou a flor de suas mãos, verificou o fio. "Não! não é possível! você era só um botão... um botão muito triste na sombra de uma árvore!" soluçava; com tal agitação a flor acordou. Quase sem vida, pode apenas murmurar suas últimas palavras:
"Não chore, meu príncipe. Se do meu destino não esperava muita coisa, você me deu a alegria de sonhar, e fico feliz por te ajudar a encantar alguém. Meu amor não é egoísta, quero que viva feliz, que corra com o vento e nunca se deixe abater por sombra alguma..."
Até hoje pode ser visto um grande jardim de gardênias naquele reino, cuidado por um casal ainda apaixonado.

sábado, 4 de setembro de 2010

Uma rosa rara


Uma rosa rara
Lá estava ela. Toda manhã ela seguia a mesma rotina: calçava a velha e manchada sapatilha de boneca, prendia o cabelo em um rabo de cavalo frouxo, comprava no café da esquina um capuccino quente com adoçante e seguia seu caminho rumo ao sebo em que trabalhava. Era incrível seu conhecimento sobre livros; dos contos excitantes de Sherlock Holmes às aventuras de Narizinho, dos clássicos aos desconhecidos porém, não menos importantes, dos filosóficos aos infantis, conhecia todas as histórias. Pouca gente ia ao sebo, restando-lhe tempo de sobra para mergulhar naquele mar de páginas velhas e amareladas.
Quando passei pela porta da frente, um sininho tocou anunciando minha presença. Um homem franzino e de óculos de fundo de garrafa veio atender-me. Disse-lhe que não procurava nada em especial, só estava dando uma olhada. Ele sorriu e se afastou, voltando à sua bancada empoeirada. Estava enfurnado entre prateleiras, folheando um clássico quando um livro na prateleira a minha frente foi puxado. No estreito espaço formado, dava pra ver seu rosto corado, com olhos castanhos profundos, sorrindo como se pedindo desculpas por tirar minha atenção. Sumiu-se. Algo tão sutil, tão ordinário, causou-me uma estranha sensação de vazio, como se aquele livro não fosse o único a desaparecer. Saí, inquieto, como procurasse por algo que nem eu sabia o que era.
O sino tocou, e o homenzinho não veio me atender. Depois de uma semana, já se acostumara com minha pontual presença. Agora, ia àquele sebo todo final de tarde, e, sempre que o adentrava e a encontrava, a sensação de vazio do meu peito ia embora, e uma lépida emoção me encobria. Quando me via, ela acenava com a cabeça, esboçando um leve sorriso. Eu a cumprimentava, e me perdia entre as tantas estantes de mogno. Às vezes, ela separava um ou dois livros para eu ver, os deixando na bancada do homenzinho. Ledora excepcional! Conseguia, sem dificuldades, ler pessoas também, como fossem livros abertos. Acertava todos os meus gostos; não teve um livro que ela me recomendou que eu não gostasse. Cada vez mais, ela me prendia com seu taciturno e misterioso jeito de ser.
Já perdia a noção do tempo, não sabia mais quantas horas passava entre aqueles livros de capas rasgadas e páginas soltas. Não importava, estava feliz. Ela sempre me acompanhava, só saía quando eu ia embora. Nunca trocamos uma só palavra. Que as deixássemos aos livros, pois estes sim necessitavam delas! Nossa conversação
se baseava em trocas de sinais; um lábio franzido quando o livro errado era escolhido, um sorriso quando a escolha fosse boa. Um olhar ansioso ao término do livro, para saber uma opinião. Troca de olhares. E assim foi passando o tempo, sem nenhuma pressa ou compromisso.
Estava um dia lindo, céu azul, nem quente nem frio. Antes de seguir meu caminho diário, passei em uma floricultura. Ao me ver diante de tantas flores, hesitei. Qual seria a mais apropriada? Pensei nos livros que ela gostava. Nos de romance sempre davam uma rosa vermelha. Clássico. Comprei uma rosa, mas esta era cor de rosa, não vermelha; ninguém gosta de clichês. Quando abri a porta, o sino não tocou. O homenzinho, explicando meu olhar curioso à porta, disse que ele havia caído, e, como fosse de quartzo muito fino, quebrou. Vasculhei os corredores ermos, e nada. Ainda olhei para a bancada, para ver se não era ela que estava cuidando do caixa desta vez.
Depois de uns minutos de espera, o homenzinho, vendo minha aflição, disse que ela vinha. "Não se preocupe, ela com certeza vem. Nesses quatro anos de trabalho, não faltou um dia sequer sem antes telefonar avisando... é, sem dúvida, uma menina rara." Duas horas depois, a certeza do homenzinho havia se esvaído como fumaça.
Segui meu caminho para casa, com a rosa na mão. Pensava, agora, que talvez fosse melhor assim. Eu teria mais tempo... Uma menina tão especial quanto ela merecia uma flor à altura, e uma simples rosa não daria para o gasto. Pensei em comprar uma rosa rara e bela, única como minha flor. Andando tão distraído, não vi quando virei a esquina errada, nem como cheguei àquele café que ficava numa esquina pouco movimentada. Um grupo de pessoas amontoavam uma parte da faixa de pedestres, e me aproximei para saber qual a ocasião. Uma senhora, ainda com lágrimas nos olhos, me contava sobre um acidente terrível, em que um carro desgovernado atropelou uma moça que atravessava a faixa. "A ambulância demorou mais de meia hora! Se tivessem chegado a tempo, a pobre moça poderia ter resistido. O carro fugiu logo em seguida, deixando-a exangue no chão." A tristeza e revolta compartilhada por todos daquele lugar fez sentido para mim. Com a cabeça pesada fui me afastando um pouco. Atravessei a faixa. Estava começando a escurecer, mas algo naquele chão cinza me chamou a atenção; uma sapatilha velha e manchada de sangue jazia perto de um poste.
A rosa caiu de minha mão. A minha flor, tão rara e bela, me fugiu assim, de repente.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Prêmio Dardos


Fico muito feliz em anunciar que o Slumbering Nights recebeu o Prêmio Dardos, por indicação do Pétalas do luar (http://petalasdoluar.blogspot.com/)!
O “Prêmio Dardos” dá a cada blogueiro o reconhecimento de seu valor, esforço, ajuda e transmissão de conhecimento diariamente. Mas, quem recebe esse prêmio também recebe umas obrigações:
Regras:
1. Você terá que aceitar o award e colocar em seu blog, juntamente com o nome da pessoa que lhe deu o prêmio e o link do seu blog;
2. Você terá que oferecer o prêmio para 10, 15 ou 30 blogs que julga serem merecedores deste prêmio. E não se esqueça de avisá-los sobre a indicação.
Para colocar o selo no seu blog, basta copiar a imagem e adicioná-la onde você achar melhor no seu blog .

sábado, 7 de agosto de 2010

Núbia

"Réquiem do Sol que a Dor da Lua resume..." Cruz e Sousa


Núbia
Espera, com cetínea luz a cobrir
Seu alvo corpo, rendando seu véu.
Quimeras esfaceladas a urdir
Olhar em busca de algo no céu

Pequenos pingos em chamas
amarelas, vermelhas, azuis
Perguntam do amado a que clamas
"Quem destes a ti tua luz?"

"Orbe ardente", diz a núbia
"que a solidão todo dia chora"
"lança flébil luz dúbia!"

"Maldosa fortuna nos separa:
Enquanto dorme, choro em luto apaixonado
Quando acorda, padeço em nascer avermelhado!"

quarta-feira, 7 de julho de 2010


Dull black sky
"an hour left to dreaming
of moments lost in time
and seconds of lucidity
i thought would not abandon me" White Willow- Paper moon

Cloudless skies float above me
Stars that gleam like silver dust
[The deep blue veil fondles me]
They call the slumbering dusk

Trapped in a whirl of memories
The yearning for long-lost love
The sweet whiff of those lilies
Given away in that spring night
In a diary locked forever: withering time.

Coiling pangs soar upon me
Emptiness howls inside me
[once again] No deep blue eyes
[once again] Just dull black skies

Feelings that haunt me...
[Wont they ever go away?]
Like whispers lost in the wind
And fog comes numbing me

And I dream...

Green fields of a meadow
Crystal dew gently drops
Liquid love, so lethal
Makes me wish time stopped

Black ivy creeply climbs
Ruins of a once grand castle
Reduced to ivory dust
In an ancient time of lust
For power and fights

A flower gingerly blooms
In petals of joy love looms
Sleeping in your warm skin
I feel my soul get complete

But all dreams fade away
And lucidity silently lumbers
As the moon begins to dwindle
Vanishing hope that slumbers

And I wake up...

Rain weeps outside the windows
The pain of my concious trickles
The candle's flame still flickers
[once again] No deep blue eyes
[once again] Just dull black skies

sábado, 5 de junho de 2010

Fios perdidos


Fios perdidos
Abro os olhos. Minha cabeça dói... levo a mão à cabeça, mas acabo parando para observá-la. Uma mão de velha, cujas rugas o tempo não esqueceu de cobrar. Em cada vinco que cobre minha pele, um história em formação. Algo me inquieta... não está faltando aquele sentimento de realização? De uma vida cheia de conquistas?Um estranho vazio envolve aquelas mãos e tudo que sinto. A visão desfocada da minha mão dá lugar a uma imagem paralela. Vejo ao meu lado uma jovem de cabelos louros, com olhos cansados e um sorriso na boca. O sorriso mais triste que já vi. Ela me fita esperançosa, e sinto que a qualquer momento possa lhe escapar uma lágrima, dessas que saem no momento errado, numa tentativa frenética e frustrada de auto-controle e força. Observo o ambiente ao meu redor, me vejo em um quarto pequeno e azul; à minha frente encontra-se uma televisão, onde passa uma novela. Sinto olhos fixos em mim, como fossem feixes de luz vidrados em minha direção. A moça começa a me incomodar... pare de me olhar! faço um esforço para prestar atenção à novela, e começo a lembrar da trama. Ah sim! Eu assistia a essa novela... não? Passados alguns minutos, a insistente moça me pergunta com a voz trêmula:
- Precisa de alguma coisa, mamãe?
Sinto que empalideci. Que brincadeira era essa? Quanta ousadia daquela moça! Meu cérebro transbordava de sentimentos controversos, surpresa, raiva, ternura...
Ternura. Esse último começou a crescer, a aflorar de uma maneira até que sinto que é de meu rosto de onde escorrem as lágrimas. Lágrimas ligeiras, fervilhantes de desespero.
- Minha filha, minha filha!
Imagens. Um campo verde, uma casa de tijolos, um pote com flores vermelhas numa janela de um azul desbotado. Minha janela. Crianças correndo uma atrás da outra, uma mão se abanando com um chapéu. Meu chapéu. Uma tarde de verão, um bolo de aniversário, uma menina sorridente. Minha menina. Uma manhã chuvosa perdida no tempo, um beijo de despedida, um asilo. Meu asilo. E a loucura. Ah... a loucura. Minha loucura! Tudo começou com um diagnóstico. Aquela maldição que se apoderava de mim, ia, as poucos, me despedaçando. Não podia suportar diariamente ter que lutar com minha mente... enlouqueci. Meus devaneios são dilacerados por uma voz tão doce...
-Mamãe?
Minhas memórias... elas transbordam de mim, como se eu fosse um copo... que enche tanto, que tudo o que sobra são momentos, vividos em um instante logo perdido. Uma vida sem memórias, uma vida oca e sem sentido. Não fujam de mim! Agarro, desesperadamente, o lençol da cama. Posso não poder mais guardá-las no meu infinito particular, pode faltar-me a razão, mas não me abandonem! se meu cérebro falha, meu coração não me falta, e espaço é o que eu tenho a oferecer... Sim! posso vencer a ciência, posso provar que sou mais forte que essa doença que me consome, me apegarei às minhas lembranças, às minhas preciosas lembranças, e as guardarei em meu coração, onde toda razão foge. Vou relaxando, confiante, sentindo um torpor se apoderar de mim.
Abro os olhos. Uma moça dorme em uma pequena poltrona acolchoada perto de uma janela. A novela que tanto gosto está no final... Aquela moça me chama a atenção, pois por seu rosto serpenteia uma trilha de lágrimas secas. Pobrezinha... o que será que aconteceu?

Sangrento Arco-íris


Sangrento Arco-íris



I


Em imenso céu azul 
Gentilmente dançava
Penas de marrom ardente
Reluziam ao Sol da manhã


Relva verdejante que pulsava
Correndo, voando, correndo
Topou a pobre andorinha
Com um passante do momento


Em ligeira flecha maldosa 
seu coração foi espetado
Querubim de artes odiosas
Impôs-lhe tal triste fado!


A pingar amor pelos cantos
A andorinha seguia o passante
Que, em resposta inebriante a sua dor,
Sempre aparecia, constante


Ser vívido e branco
Alto tal qual arboredo
Face emoldurada por cachos
que despendiam, suaves


Corria, corria
Sempre com companhia
Arfava alegre à sua amiga
"Olá... olá! Bom dia!" 
Corria, corria


Toda tardezinha, 
Com alegre euforia,
Passava correndo
Em minutos de alegria


Esperava a andorinha,
Suspirando de saudades,
A volta de seu amor
Nas evanescidas tardes


Em dia de ar pesado
Vinha seu amor apressado
E o seguia a andorinha
Correndo, voava, correndo
"Que lindo dia! Não é,
minha querida amiguinha?"


II


Seu pequenino coração
Quebrar-se-ia com o que viria então
Pois um louco desvairado
Virou passante do momento
Com fel nos olhos, armado
Atirou, rasgando o vento


E fugiu, correndo, correndo...
A andorinha, desesperada, 
Em redomoinhos cercava
Sua amada companhia estirada,
Em mantos de sangue coberta
E soluçava, soluçava


"Adeus... pequenina...
pelo menos a ti poupastes..."
Arfava o constante passante, 
agora passageiro de um barco que
não mais voltaria. Nunca mais.


Em seus cachos se aninhou
Soluçando ao destino maldoso
Chorando pelo sonho que amou
Subiu, correndo, voando


Não conseguia carregar flores
Muito pesadas e pomposas,
Se contentou com pétalas
De lírios, gardênias, rosas.


Em frenético voar
Ia e vinha, ia e vinha
Trazendo, em cada pétala,
Um pedaço de seu amor.


Em arco-íris crescente,
O chão se transformou
O Sol tristonho, já poente
Com as núvens chorava sua dor


Em Imenso céu nublado
Gentilmente dançava
Penas de rubro ardente
Tombavam no parque ensanguentado.

domingo, 18 de abril de 2010

White Willow


Dando continuidade à seção de arte, hoje vou falar de uma banda totalmente “underground” que eu gosto bastante x3 apresentando... White Willow *-*
White Willow é uma banda de rock progressivo da Noruega, que em 1995 lançou seu primeiro CD, Ignis Fatuus. Bem melódico, é ótimo para viajar, como todo bom prog. A banda é um marco no que se chamou “renascimento escandinavo”, no que diz respeito ao prog, junto com outras bandas que acho legais, como Landberk (*-*) e Änglagård. WW é um dos mais significativos grupos de prog dessa era, segundo a Billboard’s Guide to Progressive Music, o que fica evidenciado nos seus ótimos CDs, dentre eles Ignis Fatuus (do latim fogo fátuo), Sacrament e Ex Tenebris, o mais sombrio. Atualmente, a banda está fazendo um novo CD, não sei se já acabaram... Myspace deles: http://www.myspace.com/whitewillowband
Suas músicas são, para mim, como lindos poemas. Tão sutis e líricas... A melhor parte é que mexe bastante com elementos da natureza e sonhos fantásticos. O rico acompanhamento instrumental complementa perfeitamente esse astral bucólico e, às vezes, Dantesco. Um bom exemplo disso é a música Lord of Night, uma das minhas favoritas.
A banda ainda é desconhecida da maioria dos brasileiros, parece que prog não é muito divulgado aqui... Eu conheci a banda através do meu pai, que tem vários CDs deles. Consegui forçá-lo a digitalizar todos os CDs, desde as capas e páginas, até as musicas em si x3. Contribuí para o Letras.terra com as letras que digitei e traduzi desses CDs, já que o acervo de letras estava super escasso. Quanto às musicas, são bem difíceis de achar no YouTube, principalmente pq descobri que existe outra banda com o mesmo nome, e muito mais famosa XD... Mas! Já fiz o primeiro projeto de vídeo, com a música Paper Moon, e várias imagens lindas da noite e da Lua *-* ainda não upei no YT pq minha internet não permite XD, mas assim que botar, venho aqui no blog divulgar ;3
Sacrament: Ignis Fatuus:
Ex Tenebris

quarta-feira, 14 de abril de 2010

As Quatro estações

E do fundo do baú surge... XD


As Quatro Estações


Vivia em um gélido ártico
Com mantos de solidão a me cobrir
[sem provocar a menor mudança]
Mas todos os invernos terminam
E com mágica beleza chega a Primavera


Ahh... a Primavera...


Inebriante desabrochar...
[de sentimentos, da própria vida!]
Delicadas palavras que, ao seu
simples susurro, floresciam minh'alma


E de flores o amor se fez,
Puro, leviano, distraído.
O perfume silvestre acaricia,
Mas também esconde espinhos.
E com atroz pesar chega o Verão


Oh! Algoz Verão!


À distância de seu toque,
Palavras não mais bastavam...
Amor separado por lágrimas
Que varriam quilômetros
[sem esperança, sem esperança]


Oh! Mas ainda, mas ainda...
Quebro-me ao seu leve pesar
Inteira de novo com seu sonhar!
Oh! Odeio você, odeio você...


Não! Eu te amo...
Sentimento sem sentido
Sentimento sem sentidos
Uma mente em conflito!


Minha ébria mente,
Em chamas clama por você
Ao seu lado, tão sozinha,
Sinto-me inconstante.


E não penso mais
Cansei do seu doce ópio
Não aguento mais juntar...
[todos os pedaços, todos os pedaços]
E com pacífica promessa chega o Outono


Oh... doce desfolhar da ilusão...


É com sorumbático pesar,
Minha amada estrela quia,
Que te deixo.


Sempre precisamos acordar,
e todas as minhas utopias
se foram como as folhas,
Do alto do mundo dos sonhos
Para a podridão da Terra
[Adeus, Adeus.]


Olá, meu infindo Inverno.

domingo, 11 de abril de 2010

Conto de humanos


Conto de Humanos
Era uma vez
uma
criança
cuja inocência
ce
gava
seus doces olhos
a
zuis
perdidos nas nuvens
num céu de sonhos
sempre sempre sempre!
Era uma vez
um
homem
cheio de es
pe
ranças
cheio de ternura,
acreditava nas pessoas
pobre pobre homem!
Era uma vez
um
velho
muito cortês
que
vivia
muito só
sua
familia
pegou um diferente caminho
pobre pobre velhinho!
Era uma vez
um
so
nhador que acordou
de
um sonho
e em eterna dor
padeceu
pobre pobre sonhador...
não sonha a dor!
e nessa valsa
que
o mundo
encena, do Danú
bio
Azul
que passou
a
vida,
antes que a morte a encerre lívida,
a última nota como um Sol
nasce, nasce plena!
-------------------------------------------
ps. agradecimentos à Lorygami pela imagem *-*

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Gustav Klimt

o/

Vou dar início à minha seção de arte, onde postarei alguns dos meus artistas favoritos e um pouco de suas histórias, para que vocês, meus queridos leitores, possam apreciá-los tanto quanto eu ^^
Acho justo começar com Klimt. Sempre fiquei maravilhada com as telas dele, cheias de brilho e amor... Meu primeiro contato foi com a tela “O Beijo”, do seu período dourado (em minha opinião o melhor). Klimt era fascinado pelo universo feminino, e conseguiu representá-lo muito bem em suas telas, onde misCor do textoturava mosaicos e cores douradas, bem no estilo Bizantino.
Um pouco sobre sua história: Gustav Klimt nasceu em Viena, em 1918. Participou do movimento Art Nouveau, que quebrava com a rigidez imposta às várias artes, misturando mosaicos, vidrais e uma arte mais sensual. Klim teve dois períodos principais: o histórico e o dourado. A fase histórica pode ser representada pela pintura “A Escultura” e a dourada por tantas outras, como “O Abraço”, “O Beijo” etc.
O Beijo
A Escultura
Contexto histórico: “Bella geran alii, Felix Austria, nube”
“Deixem os outros travarem guerras enquanto a afortunada Áustria se casa” Essa frase pode expressar, perfeitamente, o cenário de Viena naquela época. Apesar das crises e guerras, a elite intelectual parecia viver uma utopia, ignorando esses “detalhes” e continuando suas vidas cultas e requintadas. Nesse meio cosmopolita e caótico da Cidade dos Sonhos, Freud iria desenvolver a psicanálise, Strauss o Danúbio Azul, e Klimt, suas ricas telas.
Sei que alguns podem ter achado o estilo dele bem familiar, isso porque o anime Elfen Lied usou e abusou de suas telas XD o que, se fosse interpretar, faz sentido, pois o anime mostra a personagem Lucy com tantos conflitos psicológicos quanto a cidade de Viena na época. Algo que me chamou a atenção foi a reprodução de “O Beijo”. Na tela original, o personagem masculino, segundo alguns estudiosos o próprio Klimt, é bem definido, mesmo não dando pra ver seu rosto, enquanto na figura que aparece no anime esse mesmo personagem assemelha-se mais a um boneco branco, algo sem vida e indefinido. No anime, Lucy demora a perceber que ama o menininho lá, que se transformaria no boneco. Em outra imagem, quem aparece transformada em boneco é a personagem feminina, pois o menininho gosta de várias garotas, mas não decidiu como gosta delas. Em minha opinião é um anime muito bom, apesar de ser super pesado... (lembro de ter ficado meio traumatizada no primeiro episódio XD -muita violência-) mas! Não vou me deter a falar de animes aqui, pq senão não paro mais x3
Então é isso! Espero que tenham gostado de conhecer (ou relembrar) Gustav Klimt =D


domingo, 4 de abril de 2010


Love's many faces
I saw my love by the beach
while the water reached my feet
he was surfing among the waves
bronze skin, heart about to blaze
I saw my love at the library
I think it was in January
shining glasses, dark hair
that smile, such a glare!
I saw my love at the park
when the dogs began to bark
pale vult next to a fence
that's when my hear began to dance
I saw my love at the club
although it looked more like a pub
blond curles, green eyes,
shimmering like comets across the skies
I saw my love in my dreams
holding a guitar, fingers on the strings
dark and sweet eyes fiting me
my own private infinity
But you see,
I have so many lovers
yet my heart suffers
cause none of them belongs to me!

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