Bem-Vindo

sábado, 5 de junho de 2010

Sangrento Arco-íris


Sangrento Arco-íris



I


Em imenso céu azul 
Gentilmente dançava
Penas de marrom ardente
Reluziam ao Sol da manhã


Relva verdejante que pulsava
Correndo, voando, correndo
Topou a pobre andorinha
Com um passante do momento


Em ligeira flecha maldosa 
seu coração foi espetado
Querubim de artes odiosas
Impôs-lhe tal triste fado!


A pingar amor pelos cantos
A andorinha seguia o passante
Que, em resposta inebriante a sua dor,
Sempre aparecia, constante


Ser vívido e branco
Alto tal qual arboredo
Face emoldurada por cachos
que despendiam, suaves


Corria, corria
Sempre com companhia
Arfava alegre à sua amiga
"Olá... olá! Bom dia!" 
Corria, corria


Toda tardezinha, 
Com alegre euforia,
Passava correndo
Em minutos de alegria


Esperava a andorinha,
Suspirando de saudades,
A volta de seu amor
Nas evanescidas tardes


Em dia de ar pesado
Vinha seu amor apressado
E o seguia a andorinha
Correndo, voava, correndo
"Que lindo dia! Não é,
minha querida amiguinha?"


II


Seu pequenino coração
Quebrar-se-ia com o que viria então
Pois um louco desvairado
Virou passante do momento
Com fel nos olhos, armado
Atirou, rasgando o vento


E fugiu, correndo, correndo...
A andorinha, desesperada, 
Em redomoinhos cercava
Sua amada companhia estirada,
Em mantos de sangue coberta
E soluçava, soluçava


"Adeus... pequenina...
pelo menos a ti poupastes..."
Arfava o constante passante, 
agora passageiro de um barco que
não mais voltaria. Nunca mais.


Em seus cachos se aninhou
Soluçando ao destino maldoso
Chorando pelo sonho que amou
Subiu, correndo, voando


Não conseguia carregar flores
Muito pesadas e pomposas,
Se contentou com pétalas
De lírios, gardênias, rosas.


Em frenético voar
Ia e vinha, ia e vinha
Trazendo, em cada pétala,
Um pedaço de seu amor.


Em arco-íris crescente,
O chão se transformou
O Sol tristonho, já poente
Com as núvens chorava sua dor


Em Imenso céu nublado
Gentilmente dançava
Penas de rubro ardente
Tombavam no parque ensanguentado.

2 comentários:

Naiara disse...

o mais encantador da poesia é a forma como ela trata do amor, de uma forma infantil, mais ao mesmo tempo de uma intensidade e tragédia muito marcantes! eu adoro essa mistura de "texturas", é realmente muito interessante! lindo texto amiga ;D

adrik disse...

"Querubim de artes odiosas" -- nooossa, adorei.
A maldita tela de confirmação se foi, agora vou escrever de monte rsrsrsrsrsrs...
adrik-spam, cuidado com ele...

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